Não dá mais, não me cabe no
mesmo lugar. E foi você quem me colocou aqui. Agora me faz ir. Eu vou sem olhar
para trás. Pois se eu parar para relembrar os motivos que me fizeram desistir,
eu vejo o quanto eu deveria ter ido antes. Se o que eu sou não representa nada,
se eu não sou o suficiente, se não consigo preencher os espaços deixados eu não vou
insistir.
Se você não é capaz de olhar e
reconhecer o que te faz bem, sinto muito, mas já vou. Sem aviso, sem malas, até
porque você não me deixou nada que eu pudesse carregar. Que ao longo do caminho
acabaria pesando e pudesse me fazer ficar. Eu não queria virar as costas porque
eu sei que quando dá a minha hora, eu vou embora e sem demora. E eu saio
correndo que é pra não voltar. Que é pra não ter a chance de mais uma vez
errar.
Eu não vou te explicar o que
está acontecendo, você entendeu. Fingiu que não viu, que não leu no meu olhar.
Dispensou o que era bonito e sincero para se perder. Que se perca sozinho.
Porque eu tenho um lugar onde eu faço as contas do meu valor, onde eu tenho uma
balança dos prós e dos contras, onde eu aceito a maturidade e a razão e percebo
o quanto eu sou maior, e não mereço "migalhas dormidas do teu pão".
Mereço não.
Foi por isso que eu sai
correndo. Que é para você não me achar. Enquanto eu for o que você
"precisa", enquanto você me ver como útil e não como alguém que você
escolheria, não me ache. Se esconda por favor. Sempre ouvi conselhos sobre
deixar o outro ir embora. Mas ir embora do outro também é libertador.
O caminho de ir embora começa
do fim, quando a gente está cansado mas decide prosseguir. E no meio do percurso começamos a
observar, percebemos as flores, e então entendemos que partir é deixar para
trás, mas também é dizer "sim" para nós mesmos. É se dar a
oportunidade de recomeçar.
O vento vem contra, bagunça o
cabelo, seca as lágrimas no rosto de coisas que já passou. E a gente segue em
frente!
Como foi nas outras vezes ...
"...não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte." William Shakespeare